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18 de junho de 2010

Morre aos 87 anos o escritor português José Saramago




A morte de Saramago foi confirmada à imprensa portuguesa pelo seu editor, Zeferino Coelho. "Aconteceu há pouco", disse em entrevista à emissora de televisão RTP. "Estava doente há algum tempo, às vezer melhor outras vezes pior."
Fontes da família confirmaram a agências internacionais que Saramago estava em sua casa em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, onde morava há vários anos.
A morte ocorreu por volta das 13h no horário local (8h de Brasília), quando o escritor estava em casa acompanhado da mulher e tradutora, Pilar del Río, informa a agência Efe.
José Saramago havia passado uma noite tranquila. Após ter feito o desjejum de costume e conversado com a mulher, começou a sentir-se mal e pouco depois morreu.
Vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1998, Saramago nasceu em Azinhaga em novembro de 1922. Autodidata, publicou seu primeiro trabalho, "Terra do Pecado", em 1947.
Seu trabalho seguinte, "Os Poemas Possíveis", seria lançado 19 anos mais tarde e pelos anos seguintes ele se dedicaria principalmente à poesia e ao jornalismo.
Saramago volta à prosa no final da década de 1970. Seu estilo característico começa a ser definido em "Levantado do Chão" (1980) e em "Memorial do Convento" (1982).
Em 1991, Saramago lança sua obra mais polêmica, "O Evangelho Segundo Jesus Cristo".
Considerada blasfema, a obra foi excluída de uma lista de romances portugueses candidatos a um prêmio literário pelo Subsecretário de Estado adjunto da Cultura de Portugal, Sousa Lara, sob a alegação de que não representava o país.




“A vida é tão bonita e eu tenho pena de morrer”
José Saramago

Academia Brasileira de Letras lamenta a morte de José Saramago

A Academia Brasileira de Letras irá guardar três dias de luto com bandeira hasteada a meio mastro pela morte do escritor português José Saramago.
Saramago era Sócio Correspondente da ABL, eleito em julho do ano passado. O presidente da Academia, Marcos Vinicos Vilaça, lamentou a perda em mensagem à imprensa, declarando que "a morte de Saramago deixa um enorme vazio e uma grande tristeza na Academia".
"A Academia estava aguardando a informação de quando José Saramago viria ao Rio para providenciara organização da sua posse na Cadeira 16 de Sócio Correspondente. A notícia nos deixou em estado de enorme tristeza. A próxima sessão acadêmica, quinta-feira que vem, dia 24, na ABL, será dedicada à memória do grande escritor português, por quem sempre tivemos o maior respeito e admiração", afirmou o presidente.
A Secretária-Geral da ABL, Ana Maria Machado, refere-se a Saramago como "um sábio, um grande escritor, um ser humano de primeira grandeza". "As letras brasileiras se associam à dor de seus leitores por todo o mundo, lamentando sua partida e celebrando sua literatura que permanece", diz.


A repercussão da morte do escritor José Saramago


O escritor José Saramago mantinha relações privilegiadas com o Brasil. Esteve presente em diversos eventos literários no país e se tornou muito popular antes mesmo de conquistar o Prêmio Nobel. Em romances como "O Ano da Morte de Ricardo Reis", o Brasil faz parte das reflexões do grande escritor. A sua perda é recebida com muita tristeza, particularmente pelos que têm apreço pela língua portuguesa e por sua importância cultural em tantos continentes. O Ministério da Cultura do Brasil se soma aos que lamentam e manifestam a dor pela perda desse grande escritor."
Juca Ferreira, ministro da Cultura

"A obra dele era a cara dele, é tão coerente com o que ele militou, com o que fez. Além de português, era um grande brasileiro, as questões brasileiras o interessavam, era inteiramente ligado ao Brasil. Um figuraça, um grande militante de base além de um grande escritor."
Sebastião Salgado, fotógrafo, amigo e companheiro de militância de Saramago


"É uma grande perda para a literatura. A obra de Saramago est´ao lado das grandes obras de literatura e com o tempo vai ganhar força. É um estímulo para qualquer escritor, uma referência que vai ficar."
Gonçalo M. Tavares, escritor português

"O Saramago foi um autor importantíssimo para mim, não foi à toa que eu decidi montar a [adaptação do livro] "Memorial do Convento", na época que eu li foi transfomador como concepção de literatrua contemporânea e propôs para mim uma coisa completamente inovadora."
Christiane Jatahy, diretora teatral

"Senti grande emoção ao tomar conhecimento da notícia. Sabia que ele estava frágil, doente, mas sempre pensei em Saramago como um imortal por sua própria obra, por seu lado humano. Ele é eterno."
Nélida Piñon, escritora

"Ele é o nome mais importante em língua portuguesa nos últimos 40 anos. Ele é o grande herdeiro de uma tradição da rica crônica portuguesa de Fernão Lopes. 'Memorial do Convento' foi a [obra] porta de entrada para mim em sua obra."
Cristóvão Tezza, escritor

"Saramago é um escritor importante sem dúvida. Deu uma contribuição à literatura de ficção pela originalidade de seu estilo. Tinha uma maneira muito pessoal de lidar com a língua portuguesa. As inovações que ele introduziu à proza brasileira o distingue. Tinha muita imaginação e criatividade e, além do mais, era um escritor polêmico, que criou um instrumento de discussão dos problemas da atualidade."
Ferreira Gullar poeta e colunista da Folha


"Com a morte de Saramago, o mundo perde um de seus grandes escritores. E a literatura de língua portuguesa perde não somente um grande escritor, mas um intelectual de posições marcantes, que sempre soube defender com coragem e brilhantismo."
João Ubaldo Ribeiro, escritor

"A obra do Saramago foi importantíssima para a literatura da língua portuguesa. Acho que ele trabalhava com alegorias e nisso construiu uma obra inovadora em certo sentido. Por exemplo pelo fato de não indicar narrador. Os narradores e os personagens falam no fluxo contínuo, como se fosse uma espécie de oralidade contínua, sem cortes, sem indicações. Isso não é uma novidade porque alguns escritores do modernismo já usavam essa técnica, mas ele ajudou a criar um grande público de leitores para uma obra consistente, o que não é comum. Na América Latina, só havia escritores de qualidade de língua espanhola que tinham alcançado grande público. O Saramago dialogou com a litetatura da língua.
Também tem um sentido histórico na obra dele que é muito importante. Ele trabalha com elemento constitutivo do romance moderno, que é a história, o sentido da história. É o romance sem ser o romance histórico propriamente dito. Ele fez isso em vários momentos, como na 'História do Cerco de Lisboa', que é um belo romance com fundo histórico importante.
Ele também criticava todo tipo de injustiça e isso não é muito comum hoje em dia. Tem um lado humanista, solidário que acho importante também na obra dele."
Milton Hatoum, escritor



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