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10 de maio de 2006

"OLHOS DE NUIT" trecho

eu com o meu fuçomêtro ligado sou um perigo... por que vejam o que encontrei... um pequeno trecho do primeiro romance que eu escrevi, "olhos de nuit". é de quando eu morava em cuiabá... sei que tenho mais escondido por ai.

“O que você quer saber? Você tem medo de quê?” As perguntas surgiam como flores em um terreno próprio. Seus olhos castanhos procuram apoio nos meus, estávamos juntos e isto era tão forte como o tempo. Nuit fixou seus olhos na vitrine da padaria logo atrás de mim o que quer que ela estivesse vendo eu também veria através do reflexo em seus olhos e a confirmação viria através de seu pensamento. As portas da percepção estavam limpas, abertas para sempre.
Nestas horas o que mais eu poderia fazer a não ser sorrir? Com o passar dos anos percebi que este meu pequeno hábito, sorrir quando iria fazer algo inusitado, desmascarava as intenções. Era como se o click da arma pudesse salvar a vida de quem seria alvejado, mas não funcionava assim.
“Sua atenção não é o suficiente para quem quer aprender a voar.”
“Como assim?”
“Sei que o que você quer está nas minhas costas, mas o que te digo é: existem dois caminhos e você só tem uma escolha. Dependendo do que você escolher eu irei me levantar e este encontro nunca terá acontecido para mim.”
“Mas eu sei que nós nos encontramos e sei quem você.”
“Não, você não sabe quem eu sou. Na verdade você nem desconfia quem eu sou. E caso você venha a dizer a alguém que conversou comigo eu posso simplesmente desmentir. Faço isso a todo instante.”
“E por que você faz isso?”
“É uma forma de me proteger.”
“Você tem medo do quê?”
“De morrer e não Ter alguém do meu lado. Fora isso não tenho mais nenhum medo.”
A verdade de minha vida simplesmente ia saindo, não estava preocupado sobre o que quer que ela poderia guardar como lembrança destes momentos.
Pelo cantos do olhos vi o momento exato que a Sabbath Girl se levantou da mesa, apanhou a carteira de Marlboro e partiu. Seguindo a lógica dentro de três minutos Vampiro atravessaria a ruas e me daria o sinal de que era o instante de que eu teria de partir. Sempre achei essa forma teatral de se sair dos lugares uma grande jogada. Ninguém percebia como funcionava o mecanismo.
“Você não precisa me dar a resposta agora. Até amanhã”
“Também tenho que ir. Está na hora do meu ônibus.”
Isso era ótimo, não a deixaria sozinha naquela mesa. Ela se levantou antes que o jogo desse prosseguimento. Disse tchau e se foi, fiquei olhando enquanto ela atravessava a rua e seguia em direção ao ponto de ônibus.
Levantei-me em seguida, acendi um cigarro e fui para a esquina. Sabbath me esperava dentro do carro, ao perceber que me aproximava ela saiu do carro. Esperou que eu chegasse bem perto e só me fez a já sacada pergunta.
“É ela?”
“Sim.””
“Mas ela ainda é uma menina. Quantos anos ela tem?” “ Dezesseis.”
“Então. Será que ela está preparada?”
“Sabbath. Eu tinha quatorze anos quando comecei. Você tinha a idade dela, se bem me lembro.”
“Você é que sabe.”
Senti um forte arrepiou percorrer toda minha espinha. Olhei em direção do ponto onde ela estava e senti o perfume dela. Não podia deixá-la ir daquela forma.
“Sabbath, acho melhor você voltar para a base. Ainda tenho uma coisa a dizer a ela.”
“Me diz uma coisa. Você não se interessou por ela, não foi?”
Sem dizer nada apaguei o cigarro com a sola do tênis e comecei a Segunda parte do jogo. Sabia que o ônibus demoraria ainda uns vinte minutos, o tempo suficiente par se Ter certeza.
Cheguei em silêncio.
“Olá”
“Estava pensando em você agora mesmo.”
Tirei meus óculos escuros e olhei o mais profundo que poderia. Era ela.
O que foi dito não ficou marcado em minha lembrança. Sabbath estava certa, eu havia me interessado por ela e não conseguiria esconder mais. A guerra estava declarada.
Dentro de todo o esquema do que me propus como vida Nuit estava completamente fora de possibilidade. Mas eu não iria desistir. Só queria saber o quanto valeria a pena esta guerra.

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