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18 de janeiro de 2010

texto de Zeca Camargo sobre o novo Sherlock Holmes



Enfim, fiquei com essa lista na cabeça porque esta semana fui assistir a essa nova adaptação de Sherlock Holmes para o cinema. Será possível que dali vai sair uma nova série, “à la 007”? Viria por aí, pelo menos, um segundo filme? Com aquele final para lá de “aberto” – calma, isso não é um “spoiler”! – e mais a bilheteria de, por enquanto, US$ 165 milhões (só nos Estados Unidos), é bem provável que sim. Mas será que vamos querer ver mais uma aventura desse que eu chamaria – como no título do post de hoje – de “o primeiro herói de ação” (uma brincadeira, claro com o título original de um deslize na carreira de Schwarzenegger…)?
Sabendo que vou levantar algumas sobrancelhas de quem ler isso, eu diria que sim – desde que seja dirigido por Guy Ritchie! Isso mesmo! Madonna, você está ouvindo? Seu ex-marido pode, sim, dirigir bons filmes – desde eles tenham bons personagens. Ah, e bom atores…
Confesso que fui ver “Sherlock Holmes” quase que como uma obrigação. Sem ter assistido a “Homem de Ferro”, sempre tive dificuldade para “entender” o “renascimento” de Robert Downey Jr – um ator que sempre gostei à distância, mas que não me inspirava a comprar ingresso para nenhum filme simplesmente pela sua presença nos créditos… Porém, com tanta publicidade em torno de sua “reinvenção” do clássico detetive inglês, achei que deveria conferir. O fato de Guy Ritchie assinar a direção também jogava contra – eu nunca fui muito seu fã, nem daqueles primeiros trabalhos que lançaram sua carreira, como “Jogos, trapaças e dois canos fumegantes” (1998). E uma admiração pelos livros do criador de Sherlock, Sir Arthur Cona Doyle – que devorei na minha adolescência (me lembro até hoje do frio na espinha ao ler “O cão dos Baskerville”!) – também contribuía para minha resistência a encarar “Sherlock Holmes”…
Tudo começa muito mal. Em cenas escuras demais – mesmo para a noite de Londres do final do século 19 –, acompanhamos a captura de um assassino místico, Lord Blackwood (Mark Strong), numa sequência que parece um pastiche de Harry Potter. Uma interessante fragmentação do plano de ataque de Holmes (retomada de maneira ainda fascinante depois, numa cena de luta que é quase uma homenagem a “Clube da luta”) quebra um pouco a monotonia dessa introdução. Mas nada parece especialmente cativante na primeira meia hora desse filme.
O Holmes de Robert Downey Jr parecia ter passado um ponto além da caricatura. Apesar de Lord Blackwood ser um clássico vilão, ele não me convenceu logo de cara. E as cenas de ação pareciam se repetir sem muita novidade. Mas aí algo surpreendente aconteceu: num recurso que Ritchie usaria ainda em vários momentos do filme – inclusive nas explicações para todos os mistérios de Lord Blackwood –, ao demonstrar como Sherlock seguiu sua provável ex-namorada, Irene Adler (a ótima Rachel McAdams), uma sequência rápida, fragmentada e deslumbrante vai se revelando diante dos nossos olhos. Uma perseguição sutil, por becos londrinos – que passa até por um pátio onde um circo popular está sendo armado (uma cena que eu achei bonita demais para ser apenas um pano de fundo!) – me cativou aos poucos. E eu não queria mais parar de ver “Sherlock Holmes”.
Passei a olhar tudo de uma maneira diferente. Downey Jr continuava ligeiramente afetado, mas eu já não me importava. O camarada de Holmes – o doutor John Watson, interpretado por Jude Law – passou a não ser apenas um personagem secundário, mas alguém fundamental para a trama. Fiquei mais instigado a desconfiar do lado “místico” do vilão. E as cenas de suspense ficaram ainda mais interessantes (uma delas, no que parece ser um frigorífico de porcos, me pareceu bastante original). Era como se eu me sentisse, enfim, desafiado a me envolver naquilo tudo – uma façanha que, diga-se, “Avatar” não foi capaz de cumprir…
Aceitei o convite ao desafio numa boa – e me senti recompensado. O final – repetindo, isso não é um “spoiler” – é meio “Mandrake”, tipo “Tudo se ilumina”. Mas você logo se lembra que não está vendo nenhum filme de arte – e tudo bem… Até mesmo quando você percebe que existe um “gancho” óbvio para a continuação da “saga” – “Sherlock Holmes 2”, seria o nome? – você relaxa e diz “tudo bem, vou esperar pela continuação…
Vou passar agora pelo menos umas duas semanas sem entrar propriamente num cinema para assistir o filme. Por conta de um novo projeto no trabalho, vou visitar lugares fora do Brasil onde o cinema não será exatamente uma prioridade. Por isso mesmo, de certa maneira, fico feliz de ter (aberto e) fechado minha temporada de cinema de começo de ano com “Sherlock”. Olhando o que está em cartaz nas grandes capitais, poderia ter sido muito pior – imagine… “Alvin e os esquilos 2”…
Assim, viajo feliz – tentando espantar a fase ruim, olhando para novos horizontes (sobretudo geográficos!), e com a certeza de que quando algum amigo me perguntar se estou melhor, eu poderei responder com a frase que o próprio Robert Downey Jr não fala sequer uma vez neste seu novo filme, mas que assim mesmo é uma marca de seu personagem… “Elementar, meu caro Watson”…


(leia a coluna toda no site http://colunas.g1.com.br/zecacamargo/2010/01/14/o-primeiro-heroi-de-acao/)

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